sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Resenha: "O instante da Realidade" de Evandro Teixeira


A história da fotografia brasileira não seria a mesma sem a presença de Evandro Teixeira. A vida e obra de um dos mais geniosos e fantásticos fotógrafos reconhecido no Brasil e no mundo estão relatadas num documentário incrível sobre esse astro das câmeras.


Tudo começa no interior da Bahia, veio proveniente de uma família pobre, mas desde pequeno queria fotografar. Quando se tornou rapaz e foi encarar o mundo de frente, Teixeira resolveu fazer o que queria. Mesmo sendo apaixonado pela aviação ele resolve seguir o sonho de criança.
Iniciou fotografando casamentos, sendo que a linha editorial do jornal não permitia fotos de matrimônios envolvendo negros. Após esse estagio um pouco frustrante foi enviado para cobrir o carnaval, justamente, quando ganhou seu emprego.


Em 1962 fez cobertura na Copa do Mundo de Futebol, no Chile. Ficou, desde então, conhecido pelas fotos diferentes, ilustres que captavam frações de realidade. Aqueles lances engraçados, o inesperado, os olhares, as expressões tornaram-se alvo e objeto para Teixeira. Além de ser uma referencia na fotografia, ele ainda no Chile, fez uma de cupido e ajudou Elza Soares e Garrincha se conhecerem, o que mais tarde resultaria num casamento.


Sua dedicação e determinação colaboraram na extinção do regime militar iniciado em 1964. Ele cobriu essa fase brasileira mostrando a realidade nua e crua. Fotos marcantes de violência contra o movimento estudantil, de repressão por parte dos militares. Essa época foi muito importante para a história da fotografia brasileira e Evandro estava lá fazendo sua parte enquanto profissional e cidadão.


O lance era ser diferente, inesperado, preparado e criativo. Criatividade nunca foi problema para ele. Ele mudou o modo de fotografar pilotos de Formula 1, quando fotografou Ayrton Senna com o enquadramento na viseira do capacete, mas precisamente o olhar, Senna por sua vez acabara de piscar os olhos, frações de segundos foi o suficiente para Evandro Teixeira captar esse momento único. Desde então a fotografia nos eventos automotivos, em geral, mostram o olhar do piloto, o olhar que muitas vezes falam mais do que mil palavras. Fotografar é transmitir sensações, não apenas um click.


O documentário fala de um mito, de um homem bem articulado politicamente, que acompanhou vários governos entre eles o de Sarnei, FHC, Lula. Não participou apenas dos ensaios políticos brasileiros, mas também internacionais, como no Chile na derrubada de Salvador Alade. Numa foto ele driblou a segurança e mostrou a foto que o governo não queria. Divulgou um porão onde muitas pessoas eram tratadas como verdadeiros animais.


Quando falamos em Evandro Teixeira, falamos em cultura, em sensibilidade. Em 1979 fotografou um lance historio da MPB no aniversário de Vinicius de Moraes com Tom Jobim e Chico Buarque e que marcou a época sendo a foto de capa.


Fez um livro sobre a historia de Canudos, um relato histórico com grande valor de conhecimento a cerca de um momento de grande importância para os brasileiros e que é pouco mostrado hoje. Um trabalho com bastante dedicação que marcou os 100 anos de historia de Canudos o que confirmou sua autenticidade e personalidade enquanto profissional e pessoa.


Esse documentário é bastante enriquecedor não somente para estudantes de jornalismo ou fotografia, mas para um contexto geral da sociedade. A vida e a obra de um mito da fotografia que fez a diferença com um jeito alegre, brincalhão, original e bastante profissional. A história dele é mostrada tão minuciosamente que não queremos que acabe. Relatos de amigos, da família, de profissionais da fotografia engrandecem o conteúdo. A própria obra do personagem é uma curiosa viajem a um mundo diferente que exige sensibilidade, confiança, criatividade, bom senso. A caminhada do gênio Evandro Teixeira o homem que fotografa o momento decisivo da realidade.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Fanfarras atuais: Luta do dia-a-dia

Pouco se sabe sobre as fanfarras nos bairros da capital baiana, tão pouco não se nota a presença dessa manifestação cultural nos meios midiáticos. Os incentivos são quase inexistentes, o preconceito por parte de outros regentes da musica instrumental é forte. A única força que move essas pessoas é a paixão musical.



Atualmente, o principal problema está entre o monopólio do axé na Bahia, a falta de incentivo por parte dos patrocinadores, dos meios midiáticos e do afastamento da cultura proporcionada pela indústria cultural a qual prevalece enormemente no estado. Além da maioria dos integrantes não ter um apoio dos familiares, pois a fanfarra não proporciona fama ou status social, a maioria das vezes pessoas mais próximas desses fanfarrões acham que o sucesso, a fama e o dinheiro são mais importantes do que a realização pessoal de cada ser.
Em qualquer área da arte, o incentivo por meio dos familiares, amigos e, principalmente, da mídia podem acarretar ainda mais sonhos de muitas pessoas. Um “parabéns” poderia até ser suficiente, mas não dá para viver de felicitações.




Patrocínios poderiam olhar pelo lado mais “humano” e esquecer um pouco as relações capitais. Eles também não fazem uma presença se quer! Empresas não estão a fim de colocar no peito essa bandeira, pois no fundo tem um grande preconceito e por que pouco se sabe das dificuldades que eles passam para assegurar a existência dessa família.


Poderia-se tomar medidas que gerassem sorrisos, que deixassem essas pessoas contentes, que estimulassem. Uma bela farda, novos instrumentos, um espaço agradável, a participação de terceiros poderia ser maior. Talvez o ditado "a união faz a força" tivesse mais sentindo!